*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

terça-feira, 2 de maio de 2017

“Os Sem-Massa”

"Eu amava a vida que tinha antes. Eu fazia tantas coisas... Agora eu tenho mais trabalho do que antes. Eu pensei que seria mais fácil.” Trump nesta quinta (27) em entrevista à agência de notícias Reuters referindo-se aos seus “100 dias de governo”

Eliane Cantanhêde
Governar não é tão simples como pensam os motoristas de táxi”, declarou o ex-ministro Milton Seligman, hoje professor do Insper, no seminário sobre reforma política promovido pelo Estado.
Pois é. Governar não é simples, não é fácil e o alerta é que pode fazer muito mal à saúde.
Depois de dois impeachments em 25 anos, agora Michel Temer dribla popularidade abaixo do razoável, recuperação lenta da economia, desemprego crescente, pressões infernais da base aliada e bloqueio de ônibus e quebra-quebra comandados pela oposição.

Na avaliação palaciana, o protesto de sexta-feira, no início de um feriadão, ficou restrito aos movimentos e categorias ligados ao PT, sem adesão popular, sem massa. A estratégia foi parar os meios de transporte para impedir que as pessoas fossem trabalhar e que as empresas e o comércio abrissem, dando a impressão de um movimento muito maior do que era. Queimar pneus e ônibus para completar o serviço com imagens impactantes.

Para os organizadores, foi a maior greve da história, um sucesso do “povo brasileiro”. Para o governo, uma paralisação promovida por “um grupo pequeno”, com um resultado previsível e insuficiente para perturbar a reforma da Previdência. Ao contrário: com quebra-quebra e excesso de vermelho, podem ter-se isolado, dando um tiro no pé e facilitando o voto no texto governista. [...] - Do artigo “Os Sem-Massa” de Eliane Cantanhêde/Estadão 

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Pirações

Pesquisa: Se as eleições fossem hoje, quem você gostaria que estivesse preso?” Bruno Drummond/Gente Fina/Revista O Globo

   
O número de desempregados no país atingiu 14,2 milhões de pessoas no trimestre encerrado em março, um novo recorde, segundo divulgou o IBGE nesta sexta-feira. O total de desempregados é o maior desde o início da série histórica desse indicador, em 2012 – VEJA – CONFERE LÁ
-Só pra se ter uma noção do que representam 14 milhões de pessoas, confira abaixo a população total de alguns países da América do Sul:
Bolívia - 10,72 milhões (estimativa 2015)
Paraguiai - 7,1 milhões (estimativa 2016)
Uruguai - 3,3 milhões (estimativa 2016)
Quer mais? Então vamos pra outras bandas do mundo: Portugal - 10.4 milhões de habitantes; Hong Kong - 7.3 milhões; Emirados Árabes 9.2 milhões... Chega né, já deu pra sentir o tamanho do atoleiro que o Brasil vai ter que atravessar nos próximos anos.
Os quase 14 milhões de desempregados que o país tem hoje, segundo o IBGE, não nasceram de ontem para hoje, são fruto de um governo desastroso que colocou o país na maior recessão já registrada. Três anos seguidos de PIB negativo não se resolvem sem muito sacrifício.
O chamamento esperto para uma greve geral às vésperas de um feriadão, contra as reformas trabalhista e previdenciária, querendo transformar em salvadores da pátria os mesmos que nos colocaram nesta situação, embute não apenas esperteza mas também o estilo de fazer politicagem que levou à situação atual. Merval Pereira/O GloboLeia na íntegra

Há alguns dias, o ex-ministro petista Antonio Palocci entrou na cela de Marcelo Odebrecht, na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, falando em italiano. Minutos depois, os dois riram. Assim como a dupla, os companheiros que estavam ao lado caíram na gargalhada, segundo relatos obtidos pela Folha.
A brincadeira, que se tornou comum entre os dois presos da Lava Jato, é uma referência ao codinome "italiano" dado ao petista na Odebrecht em operações que envolviam repasses de propina e caixa dois...
No início, foram mantidos em alas separadas e tinham horários de banho de sol distintos. Se esbarravam raramente, quando iam falar com advogados no parlatório. O motivo da separação, segundo integrantes da PF, era o acordo de delação que o empreiteiro negociava com procuradores, e que foi homologado em janeiro deste ano.
Marcelo passou dar conselhos ao ex-ministro sobre a linha de defesa que deveria adotar, sendo cada vez mais enfático que a sua única saída seria o acordo de delação. Quando Palocci se mostrou aberto à possibilidade, Marcelo teria sugerido que tentasse colocar a PF na negociação. O petista não só passou a negociar a delação como teve a primeira reunião com procuradores sentado à mesa juntamente com um delegado da PF, há pouco mais de um mês – Leia na íntegra
-Parece que o clima na cadeia anda animado. Só estão faltando as selfies.
   
A reforma tem que ser aprovada para evitar que a União, o Brasil, se transforme em um novo Rio de Janeiro” - Moreira Franco sobre a reforma da Previdência.
Bom lembrar que o “Angorá” é um dos oito ministros do governo Temer que está sendo investigado por corrupção, solicitado pelo relator da Lava Jato no STF ministro Edson Fachin.

Piração 1 – Lula, o filho de Garanhuns - Em pleno furacão da Lava-Jato, Lula continua reverenciado por certos setores da sociedade. Tanto que a Sagarana Turismo, do Rio, e Frei Chico, irmão do ex-presidente, organizam, para julho, um city tour para Garanhuns, a cidade do agreste pernambucano onde Lula nasceu. A ideia é levar o grupo para conhecer a casa onde ele morou, a escola onde estudou, enfim: a geografia afetiva de Lula. O guia será Moura, primo do ex-presidente, e oito pessoas já compraram o pacote - Ancelmo Gois/O Globo
Piração 2"Uma dona de casa, ela não pode gastar se o marido dela ganha R$ 5 mil, ela não pode gastar mais que cinco, senão ela vai quebrar o marido. Porque o governo gasta mais do que arrecada sempre? Não estou dizendo o governo federal, mas o governo municipal, o governo estadual sempre gasta mais do que arrecada. Por que isso?... Acho que os governos agora precisam passar a ter marido, viu, porque daí não vai quebrar...”, afirmou o presidente Temer em entrevista, na sexta (28), no programa do apresentador Ratinho, no SBT – Leia na íntegra  

O STF abriu a porta da cadeia

   
O ministro Gilmar Mendes sabia do que estava falando e o que se articulava no Supremo Tribunal Federal quando disse, em fevereiro, que “temos um encontro marcado com essas alongadas prisões de Curitiba”. O encontro deu-se na última quarta-feira e a Segunda Turma da Corte, aquela que cuida da Lava-Jato, soltou o ex-tesoureiro do Partido Popular, doutor João Claudio Genu, preso preventivamente em Curitiba desde maio de 2016. Em dezembro ele havia sido condenado pelo juiz Sergio Moro a oito anos e oito meses por corrupção passiva. Genu tem uma biografia notável. Antes de chegar a tesoureiro do PP, foi assessor do falecido deputado José Janene, o grão-mestre que ensinou o PT a operar com Alberto Youssef. Freguês no escândalo do mensalão, Genu salvou-se com uma prescrição.

A Segunda Turma julgou um habeas corpus em favor de Genu. Ele foi condenado, mas seu recurso ainda não foi julgado na segunda instância. Estava trancado preventivamente em Curitiba, por decisão de Moro. Era um caso clássico daquilo que Gilmar chamaria de “alongada prisão”. O ministro Edson Fachin, relatando o processo, negou o habeas corpus e foi acompanhado por Celso de Mello. Por três votos contra dois, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes abriram a porta da cela de Genu. Foi uma enorme derrota para as forças-tarefa do Ministério Público e da Polícia Federal que ralam na Lava-Jato.

Genu veio a ser o primeiro de uma série de presos de Curitiba que serão colocados em liberdade. Eike Batista foi o segundo. É improvável, porém possível, que soltem o comissário José Dirceu. Genu foi solto a partir do entendimento que Moro e seus similares transformam prisões temporárias em cumprimento antecipado de penas.

Essas “prisões alongadas”, durante as quais delinquentes como Marcelo Odebrecht acabaram colaborando com a Viúva, são parte de um quadro complexo, sem resposta fácil. Há coação? Há, mas é aquela que a lei permite. Tudo bem, mas a trinca mandou soltar Genu porque acha que é isso que manda a lei.

Numa pequena amostra, sem as “prisões alongadas” e sem as colaborações, a Odebrecht ainda seria a maior empreiteira do país, Youssef continuaria operando no mercado cambial e Paulo Roberto Costa seria um próspero consultor na área de petróleo.


A Lava-Jato tomou um tiro. Até uma criança terá percebido que o Ministério Público identificou malfeitorias no Legislativo, na máquina do Executivo e pegou a mão invisível do mercado avançando na bolsa da Viúva. Faltou o Judiciário – Elio Gaspari/o globoCONFERE LÁ