*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Segunda Especial - FAB um caso de polícia!

Houve uma decisão da Casa Civil ilegítima, provisória e interina, cujo objetivo é proibir que eu viaje. É um escândalo que eu não possa viajar para o Rio, para o Pará, para o Ceará... isso é grave. Eu não posso, como qualquer outra pessoa, pegar um avião (comercial). Tem de ter todo um esquema garantindo a minha segurança, pela Constituição. É a Constituição que manda. Estamos diante de uma situação que vai ter de ser resolvida. Eu vou viajar! Dilma Rousseff, em sua conta no Facebook

   
Firmino havia ingressado na fila do transplante em novembro. Só conseguiu um coração novo em 11 de janeiro deste ano. Debilitado pelos efeitos da doença de Chagas, o lavrador de Santo Antônio do Descoberto, cidade goiana vizinha a Brasília, morreu um mês depois.
-Os médicos nos diziam que o tempo de espera foi longo, que costumava ser menor. Na situação dele, o transplante era a única possibilidade de vida. Pelo menos estar numa fila proporcionou um tratamento melhor — diz Diógenes Pereira, de 23 anos, o filho caçula de Firmino.
-Sei que não puderam doar os olhos e o coração da minha filha. Não fiquei sabendo o destino de todos os órgãos, mas recebi carta de agradecimento por ter ajudado a salvar outras vidas — diz a mãe da adolescente morta no Paraná.

A recusa da FAB no caso de Firmino não foi fato isolado. Em três anos, entre 2013 e 2015, a FAB deixou de fornecer aviões para o transporte de 153 corações, fígados, pulmões, pâncreas, rins e ossos. Os órgãos saudáveis se perderam por conta dessas negativas e da falta de outras alternativas de transporte. [...].

O jornal [O Globo] obteve também os dias exatos em que a FAB recusou os pedidos. Nos mesmos dias, a Aeronáutica atendeu a 716 requisições de transporte de ministros do Executivo e de presidentes do Supremo, do Senado e da Câmara. A média é de cinco autoridades transportadas nas asas da FAB para cada órgão desperdiçado. Em 84 casos, ministros e parlamentares retornavam para casa ou deixavam suas casas rumo a Brasília. Quase 4 mil caronas foram dadas nesses voos. [...].

Não há em sistemas da FAB registros de recusas a pedidos de transporte de autoridades. Já as negativas para transporte de órgãos aumentaram, entre 2013 e 2015, de 52,7% a 77,5% dos pedidos feitos. Para 153 “nãos”, a instituição disse apenas 68 “sims”. [...].

A FAB é acionada nas situações mais críticas, em que não há como usar uma rota comercial e nos casos de tempos de isquemia curtos. Este é o prazo máximo possível entre a extração do órgão do doador e o enxerto no receptor. Para o coração e o pulmão, são quatro horas. A CNT sempre aciona a FAB nos casos de oferta de coração. Se não há receptor no estado onde o órgão foi doado — a fila de espera é nacional — a central tenta fazer o coração chegar a outras regiões. Dos 435 pacientes que entraram na lista do coração em 2015, 145 (33,3%) morreram. Clique aqui e leia a reportagem do Globo na íntegra

Aliás e a propósito - A Aeronáutica vive o milagre da multiplicação de jatos e jatinhos e tornou-se um exemplo da barafunda e mais um ótimo motivo para o Senado resolver logo o impeachment. Se é para Dilma Rousseff voltar, que volte logo. Se é para Michel Temer assumir de fato e de direito, que seja logo também. O que não pode é esticar essa indefinição, essa insegurança, essa bola dividida.

A presidente afastada não pode sair voando em avião militar para fazer comício sobre um golpe que não há, mas tem direito a avião para sua casa em Porto Alegre. O interino pode ir a São Paulo e para onde bem entender, já que está “em exercício” e cumpre agenda oficial. Além dos dois, a FAB carrega dois fardos da Câmara, o presidente interino Waldir Maranhão e o afastado Eduardo Cunha. Só para a São Luís de, e do, Maranhão, são 2 horas e meia na ida e na volta todo fim de semana.

Sem falar que o advogado-geral da União, Fábio Osório, exigiu um avião para ir a um evento em Curitiba e, como não tinha, ligou às 15h diretamente para o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato, dizendo que precisava decolar às 16h. Não havia Legacy disponível no GTE (Grupo de Transporte Especial, que serve a autoridades) e Rossato teve de recorrer a um Learjet do 6.º ETA (Esquadrão de Transporte Aéreo), que tem menos status, mas era mais do que suficiente... Por Eliane Cantanhêde/Estadão – Leia na íntegra