De tudo ao meu amor serei
atento...
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto...
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto...
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Trechos de “Soneto de
Fidelidade” de Vinicius de Moraes
Não é bolinho não! Criar uma “mensagem” de
despedida que represente meu sentimento, minha emoção em horas tais, é difícil,
e se insistir acabarei chafurdando em algum “lugar comum”, até porque grandes
ilustres já muito escreveram quase tudo, e muito bem escrito, sobre “despedida”.
Portanto pra não desperdiçar mais tempo vou “colar” uma dessas – aliás, copiar&colar
foi a função mor deste blog em todos
esses anos. E, se é pra “colar”, ninguém a meu ver, se expressou melhor, sobre
o que quero dizer neste momento, do que o Vinícius. Portanto, é nele que me
inspiro, e “colo”: O que posso dizer do
bloguinho amigo, é que não seja imortal, posto que é “ideia”, mas que seja
infinito enquanto letra.
Foram quase cinco anos - a primeira postagem aconteceu numa
terça-feira, 8 de março de 2011. Em se falando de “sites&blogs”, isso não é
nada, mas pra mim é. Foi um tempo de muita ralação, muitas madrugadas, muitos
fins de semana, muita pesquisa que na maioria das vezes redundaram em algumas
linhas, adornadas por algumas fotos engraçadinhas e alguns comentários, nem sempre
tão hilários assim.
Nem sempre “foi”
possível “agradar” a todos, porém a ideia primária era tentar “agradar” a mim
mesmo. Por isso o “foi” mais importante, aquele “valeuu!”, que vem lá de dentro do sei lá
de onde - e que só eu consigo escutar - é aquele que durante todos esses “quase
cinco anos”, o Q&M exerceu, diariamente, quando foi:
minha dose de serotonina injetada diretamente na veia às quatro da manhã; o
barato do baseado da flor da marijuana; meu plano de saúde sem carência; minhas
seções de análise no sofá do velho Jung; uma Stolichnaya congelada, bebida a
conta gotas, no gargalo... Sharapova em quadra de terra molhada; a emoção,
tantas vezes liquefeita, do sabe-se lá porque, no sopro doloroso do sax de Gato
Barbieri em “Passion and Fire”; meu Isordil com Red bull; um Glenfiddich 21,
duplo, sem gelo; a Angelina Joli sem o Brad; a paz tsunâmica do “azul marprofundo”
das íris da Arósio... Foram, nos selfies diários do espírito, onde pude revelar
coisas que os negativos de uma Kodak ou uma Canon, uma Leica, Nikon ou
Rolleiflex, jamais poderiam me ter revelado.
Mas tudo tem uma frequência, um ritmo, uma cadência que
precisa ser reciclada senão desanda, e se não o fizermos nós mesmo, o tempo
cuidará de fazê-lo e aí vai doer um pouco mais. Então, pra doer um pouco menos,
vamu lá: O blog chega ao fim. Hoje fecha
“as portas” e ponto final. Até, por falta de “pagamento”, já cortaram a luz da
“redação”. Escrevo à luz de velas.
Tasmania Guerra, se cá conosco ainda estivesse, cá comigo estaria
braba. Anna Claudia Quil, a Cacau Quil, não atende minhas ligações desde quando
comuniquei-lhe esta decisão. Tá devolvendo todos meus e-mails desde então. Estas
duas criaturas foram as grandes incentivadoras da “ideia”
e as grandes divulgadoras do blog. Obrigado “meninas”,
mas é hora de baldear.
Aos meus personagens: “Da. Elizabeth, a primeira e única” e “Foca
Veiga” – alter egos de responsa – também meu muiiiitoooo obrigado. Quando dei a
notícia ao Foca ele ficou tão puto que disse: “Esta semana mesmo, vou para Al Raqqah, na Síria, ‘trabalhar’ pela causa
do Estado Islâmico. E tu, nunca mais, vai me ver... vivo”. Tentei
argumentar que alter ego só “morre” quando morre o “principal”, ou seja, o ego,
mas ele não quis me escutar, bateu a porta, ganhou a rua e escafedeu-se através
das intrincadas ruelas da periferia da minha obscura rede de neurônios.
Porém quando se fala em humanas criaturas - ou quando as
humanas criaturas “falam” – nem todas as letras carregam a fúria contida nas palavras
de suas frases. Exemplos?: “Agora, basta. É pra sempre!”; “Nunca, nunquinha,
jamais”; “Tu, ó, já é ontem”... e o trágico: “Adeus, e nunca mais me procure!...
cachorro”.
Quem sabe a gente reestruture o blog,
reformule a “ideia”, busque parcerias,
ou mude de casa, de cidade, ou simplesmente, faça uma viagem... e mais outra...
e mais outra... ou tudo isso junto, até que um dia, eu mesmo, possa constatar: -É,
ele não vai voltar... cachorro!
O blog tem uma
extensão - “Crônicas do Q&M” – que permanecerá ativa e que eventualmente continuará a postar crônicas, matérias
jornalísticas, textos enviados pelos amigos, foto interessantes, etc... etc...
etc... O Q&M não será desativado,
muito menos seu “espaço” será alugado à alguma igreja evangélica ou cedido para
shows de duplas sertanejas. Só não irá mais ser atualizado.
E, finalmente, obrigado a você que, principalmente, pacientemente
nos aturou, calado, todo esse tempo. No mais:
“Não fosse o
amanhã, que dia agitado seria o hoje!”
Fila que anda. Vida que segue... Infelizmente não consigo - depois
da morte do Rio Doce, dos atentados à Paris e outras barbáries – é desejar-lhe “Feliz
Natal & Próspero Ano Novo”. Nada pessoal. Coisa que rola comigo mesmo. Como
disse no título desta derradeira postagem: “Só quero rir os meus risos e poder chorar
os meus próprios prantos”..., mas, quem sabe, qualquer dia desses a gente se
encontra, em algum promontório deste mar de lama, e ainda possa rir muito de
tudo isso. Tomara que dê tempo.
CDantas