“Cego é aquele que não vê seu
próximo morrer de frio, de fome, de miséria. Surdo é aquele que não tem tempo
de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão” Mario
Quintana
Do Santo: A mídia fala muito de mim. Eles inventam um monte de
mentiras e querem que eu fracasse, mas eu nunca vou deixar vocês. Ser um belieber é um estilo de vida... Sejam
bons amando uns aos outros, perdoem uns aos outros assim como Deus nos perdoou
através de Cristo. Feliz Natal. Estou aqui para sempre. Justin Bieber em
mensagem de fim de ano e, “supostamente”, preparando seu retorno ao paraíso
- Ops! – seu retiro do mundo profano dos palcos. Confira
Do Padre da Igreja de São Francisco de Assis, no Rio Comprido,
dia destes, durante uma missa de sétimo dia, ao criticar o consumismo em época
de Natal: Nesta época do ano, diante do
consumismo desenfreado, constato que o diabo não veste Prada. O diabo veste
Saara. Aquilo lá, neste mês de dezembro, em virtude do excesso de compras, vira
um inferno! - Ancelmo Gois/O Globo
Do desavergonhado: Renan Calheiros em cadeia nacional de TV às vésperas
do Natal defendendo a austeridade de sua gestão na presidência do Senado foi um
desses momentos de deboche mais descarados da política em 2013! - Tutty Vasques/Estadão
Dos Cachorros de estimação ganham mimos durante todo o ano.
São roupinhas, ossinhos, brinquedos - sem falar num bom petisco, vez ou outra.
No final do ano, é natural que os donos sintam vontade de presentear seus pets
e de incluí-los nas comemorações natalinas. Aqueles que costumavam deixar
embaixo da árvore de Natal um pacotinho para o dog podem se animar com uma
novidade inusitada do mercado pet: festas de Natal para cachorros.
Com decoração temática, "au-migo-secreto" e
ceia de Natal, com direito a "cãonetone" (feito com base na receita
do panetone), "cãolomba natalina" (criada a partir da tradicional
colomba), peru assado e saladinha de lentilhas, essas festas de Natal para
cães, mais comuns em outros países, como Estados Unidos, prometem agradar aos
pets e reunir donos numa confraternização bastante divertida. Confira.
Das calamidades: O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca
disse de forma tão enfática: “Ele pode se preparar que eu volto em 2018”. Ele,
no caso, é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que disputará o Planalto
com a presidente Dilma Rousseff, preferida de Lula. “Vou acampar em
Pernambuco”, disse Lula, segundo o relato de um de seus ministros. “Se me
provocarem, vou me preparar para a sucessão da Dilma. O PT vai ficar 20 anos no
poder.” Confira.
Do Jabor: Todo ano eu escrevo sobre o Natal no Natal. Hoje,
escrever sobre quê? Sobre o "mensalão"? Sobre o Natal na Papuda? Todos
os natais são iguais: um sentimento de solidariedade jamais praticada durante o
ano. Eu tento ser original, mas esbarro na mesmice dos dias natalinos; parece
que o tempo é o mesmo dos anos cinquenta. Por isso só me resta repetir ideias
dos melhores trechos de anos passados. Os primeiros indícios do Natal surgem
com ralas bolinhas douradas nas lojas, depois uma arvorezinha, ate que aparece
a figura eterna de Papai Noel.
Não creio que Papai Noel seja muito querido, a não ser
pelas criancinhas ainda sem web e videogames; os adultos sentem um vago mal
estar diante daquele S. Nicolau que foi inventado na Noruega, aquelas barbas e
roupinha quente para nosso verão. O que inquieta é a total falta de relação do
Papai Noel com nossa vida cotidiana. De repente, ele surge como um invasor
sorridente, um embaixador do Polo Norte, como um RP para lojas e supermercados,
como se dissesse em seu ho ho ho: "Não se preocupem...tudo está bem...eu
sou a bondade e o mundo muda mas eu não. Estarei sempre aqui, uma vez por ano. Rodeado
por meus veadinhos e entrando pela chaminé que não existe mais". Papai
Noel é o quê? Um santo, um lobista do comercio, um espião da NSA? O mundo está
muito mudado. Até quando? Será que no ano 2050 ainda haverá Papai Noel?...
Lembro-me que no Natal, durante as ceias, eu via do
meu canto de menino melancólico as ligações frágeis entre parentes, entre tios
e primos, as antipatias disfarçadas pelos abraços frios e os votos de
felicidades. O destino das famílias fica evidente no Natal. Os pobres se conformando
com o tosco prazer dos presentes baratos e os ricos querendo provar que serão
felizes a qualquer preço. Canalhas e egoístas o ano inteiro, esfalfam-se para
viver uma alegria compulsiva entre gargalhadas solidárias, beijos molhados de
vinho e uísque, terminando nas tristes saídas na madrugada, com crianças
chorando e presentes carregados com tedio por pais de porre, aos berros de
"feliz natal"... Eu olhava aquelas famílias viajando no tempo como um
cortejo trôpego, eu via a solidão de primos, das tias malucas, dos avós já
calados e ausentes, o eterno presunto caramelado, o peru com apito...
E hoje, mesmo com o futuro cada vez mais ralo,
confesso que tenho saudades da precariedade de nossa vida antiga, da
ingenuidade dos comportamentos, de um mundo com menos gente louca e má.
"Ah! Você por acaso quer a volta do atraso?" - dirão alguns. Não.
Tenho saudades retrógradas dos tempos analógicos, do ritmo lento do dia a dia,
sonho com uma vida delicada que sumiu, dos lugares-comuns, dos chorinhos e
chorões, de tudo que era baldio, dos valores toscos da classe média. E quando
chega o Natal, mesmo irritado com os "sinos que bimbalham", tenho a
grande nostalgia das tristes ceias de minhas tias, sinto ainda o gosto dos
"panetones" e rabanadas transcendentais do meu passado.
Hoje, no presépio de Belém, perto da manjedoura onde o
menino Jesus recebeu os reis magos, nos lugares sagrados de Jerusalém, explodem
os homens-bomba berrando "Feliz Natal, cães infiéis!". Leia na íntegra
Das notas de rodapé: O espírito do
Natal permite uma pergunta ingênua, bobinha até. Estes caças suecos, uma arma
de guerra, vão custar R$ 10,5 bilhões. Não seria melhor usar esta grana em
saúde e educação? Cartas para a Redação - Ancelmo Gois/O Globo