Passava
das duas da manhã de sábado 21 e a senadora Marta Suplicy se despedia de um dos
últimos convidados da festa em que comemorou seus 70 anos, embalando a sua
"Canção da Partida”, após 35 anos de PT. “Muitas felicidades para a futura
prefeita”, disse um dos amigos, ao abraçá-la perto do elevador. A senadora, que confirmara horas antes que vai
mesmo sair do PT para se filiar ao PSB - sigla pela qual disputará a prefeitura
de São Paulo em 2016 -, fez sinal de que o caminho não será fácil.
A comemoração aconteceu no salão de festas do prédio onde
mora no bairro dos Jardins, na capital paulista. Mas, àquela altura da noite,
Marta já descansava num after-party - ou “a segunda festa lá em cima" -
para o qual chamou alguns dos últimos convidados presentes. Na luz baixa do
elegante apartamento - onde vive com o marido, o empresário Márcio Toledo - ela
reuniu amigos... em torno de mais um prato do bobó de camarão.
Desde as oito e meia da noite, a senadora havia circulado
num altíssimo salto agulha Loubotin entre representantes de siglas políticas
que acenavam com sinais de apoio ao seu novo momento político. Nas figuras do
vice-presidente da República Michel Temer, do ex-presidente José Sarney, a
presença em peso do PMDB, estava selada a festa. Para alguns presentes, os dois
caciques sinalizavam um claro desagravo à senadora pelas hostilidades que ela
recebeu do PT em meio à crise do governo Dilma Rousseff... Também foram ao
aniversário o ministro do STF, Gilmar Mendes, o ex-ministro da Justiça Nelson
Jobim, o empresário Joesley Batista, presidente da JFS - Friboi -, e o
investidor Lírio Parisotto, que em breve assume a presidência do conselho da
Usiminas.
Na manhã daquela mesma sexta-feira, Marta publicara o artigo
“Baratas voam” na Folha de S.Paulo [clique
aqui e confira o artigo], marcando gravemente sua voz de oposição. “Vem
mais artigos por aí”, dizia ela, feliz com os elogios...
No fundo musical,
um repertório eclético, com destaque para a trilha sonora de “O Fantasma da
Ópera”, o hit “Do Leme ao Pontal”, de Tim Maia, e o sucesso do cantor Wando,
“Fogo e Paixão”. Os convidados podiam ter suas discordâncias ideológicas, mas
foram unânimes em reconhecer: foi uma celebração à altura de quem não tem medo
de sair para ser feliz. E PT saudações. Enviado por
Cacau Quil – Leia
na íntegra
NOTA DE
RODAPÉ: Sobre a mesma “festa”, o “Estadão”, além dos já citados acima
e também, claro, Carlos Siqueira presidente nacional do PSB, destacou ainda as
seguintes presenças: senador Delcídio Amaral (PT), o vice-governador de São
Paulo Márcio França, o senador Fernando Bezerra (PE), o ministro de Minas e
Energia Eduardo Braga, a senadora do PP gaúcho Ana Amélia e o advogado Antônio
Carlos Almeida Castro, o Kakay.
OPINIÃOQ&M - Essa festa significa para o PT, respeitando
as devidas “proporções históricas”, algo semelhante ao que o “Baile da Ilha Fiscal”
- realizado em 9 de novembro de 1889, na ilha Fiscal, Rio de Janeiro - significou
para a Monarquia Brasileira: um tsunami compactado em uma gota d'água que seis dias
depois, qual um Big Bang, explodiria derrubando a monarquia e proclamando a República
brasileira em 15 de novembro de 1889.
Tudo bem! Concordo que em termos “práticos e teóricos” a tal
“proclamação da república” nacionalizou a corrupção portuguesa fazendo jus a Vaz
de Caminha quando vaticinou: “Aqui, em se plantando, tudo dá”. E tão bem “deu”
que - semelhante ao o universo originado na “Grande Explosão” - continua se expandindo,
até os dias de hoje... mas aí é assunto pra outra prosa.