*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

segunda-feira, 23 de março de 2015

Sem medo de sair feliz, por Gisele Vitória

Passava das duas da manhã de sábado 21 e a senadora Marta Suplicy se despedia de um dos últimos convidados da festa em que comemorou seus 70 anos, embalando a sua "Canção da Partida”, após 35 anos de PT. “Muitas felicidades para a futura prefeita”, disse um dos amigos, ao abraçá-la perto do elevador.  A senadora, que confirmara horas antes que vai mesmo sair do PT para se filiar ao PSB - sigla pela qual disputará a prefeitura de São Paulo em 2016 -, fez sinal de que o caminho não será fácil.

A comemoração aconteceu no salão de festas do prédio onde mora no bairro dos Jardins, na capital paulista. Mas, àquela altura da noite, Marta já descansava num after-party - ou “a segunda festa lá em cima" - para o qual chamou alguns dos últimos convidados presentes. Na luz baixa do elegante apartamento - onde vive com o marido, o empresário Márcio Toledo - ela reuniu amigos... em torno de mais um prato do bobó de camarão.

Desde as oito e meia da noite, a senadora havia circulado num altíssimo salto agulha Loubotin entre representantes de siglas políticas que acenavam com sinais de apoio ao seu novo momento político. Nas figuras do vice-presidente da República Michel Temer, do ex-presidente José Sarney, a presença em peso do PMDB, estava selada a festa. Para alguns presentes, os dois caciques sinalizavam um claro desagravo à senadora pelas hostilidades que ela recebeu do PT em meio à crise do governo Dilma Rousseff... Também foram ao aniversário o ministro do STF, Gilmar Mendes, o ex-ministro da Justiça Nelson Jobim, o empresário Joesley Batista, presidente da JFS - Friboi -, e o investidor Lírio Parisotto, que em breve assume a presidência do conselho da Usiminas.

Na manhã daquela mesma sexta-feira, Marta publicara o artigo “Baratas voam” na Folha de S.Paulo [clique aqui e confira o artigo], marcando gravemente sua voz de oposição. “Vem mais artigos por aí”, dizia ela, feliz com os elogios...

 No fundo musical, um repertório eclético, com destaque para a trilha sonora de “O Fantasma da Ópera”, o hit “Do Leme ao Pontal”, de Tim Maia, e o sucesso do cantor Wando, “Fogo e Paixão”. Os convidados podiam ter suas discordâncias ideológicas, mas foram unânimes em reconhecer: foi uma celebração à altura de quem não tem medo de sair para ser feliz. E PT saudações. Enviado por Cacau QuilLeia na íntegra
NOTA DE RODAPÉ: Sobre a mesma “festa”, o “Estadão”, além dos já citados acima e também, claro, Carlos Siqueira presidente nacional do PSB, destacou ainda as seguintes presenças: senador Delcídio Amaral (PT), o vice-governador de São Paulo Márcio França, o senador Fernando Bezerra (PE), o ministro de Minas e Energia Eduardo Braga, a senadora do PP gaúcho Ana Amélia e o advogado Antônio Carlos Almeida Castro, o Kakay.

OPINIÃOQ&M - Essa festa significa para o PT, respeitando as devidas “proporções históricas”, algo semelhante ao que o “Baile da Ilha Fiscal” - realizado em 9 de novembro de 1889, na ilha Fiscal, Rio de Janeiro - significou para a Monarquia Brasileira: um tsunami compactado em uma gota d'água que seis dias depois, qual um Big Bang, explodiria derrubando a monarquia e proclamando a República brasileira em 15 de novembro de 1889.
Tudo bem! Concordo que em termos “práticos e teóricos” a tal “proclamação da república” nacionalizou a corrupção portuguesa fazendo jus a Vaz de Caminha quando vaticinou: “Aqui, em se plantando, tudo dá”. E tão bem “deu” que - semelhante ao o universo originado na “Grande Explosão” - continua se expandindo, até os dias de hoje... mas aí é assunto pra outra prosa.