*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Um artifício que só existe na Câmara Municipal de São Paulo tem paralisado votações de projetos considerados fundamentais para a cidade. Por meio de uma alteração feita em 2009 no regimento da Casa, os vereadores podem tirar licença de um dia para se ausentar da sessão. O recurso alavancou o número de ausências, que chegaram a 105 nos cinco primeiros meses do ano. [...] A maior parte das licenças foi tirada por problemas de saúde ou para a participação em eventos, o que não causa desconto na folha salarial. Só as licenças para "tratar de assuntos particulares" - que incluem até férias em Orlando, nos Estados Unidos, fora da época de recesso - são descontadas no salário [...] estadão.com.br 08.06

Ardil concebido com arte e malícia; astúcia, manha, definição do Aurélio para o termo Artifício. Da mesma forma que surgiu o “Ficha Limpa”, a população deveria se mobilizar e exigir que os TREs obriguem todos os candidato a um cargo público/político, apresentarem um laudo médico sobre suas integridades físicas, - digo física pra não estreitar muito o filtro, pois se exigir um de sanidade mental vão sobrar poucos – isso porque a maior parte do artifício, utilizado por estes nobres vereadores, é caracterizada por licença para tratamento de saúde. As empresas privadas já fazem isso há muitos anos, mas lá, nas privadas, não existem as “licenças para tratamento de assuntos particulares”, deve ser porque o termo “privada” tem conotações diferentes para empresários e políticos, ou seja, para os primeiros ela é privada em função da sua constituição, para os outros a constituição é sua privada. 

Irlan Graciano Santiago, de 22 anos, se entregou ontem à Polícia Civil e confessou participação no assassinato do estudante Felipe Ramos de Paiva, de 24, ocorrido no dia 18 de maio no campus da Universidade de São Paulo (USP). Por ter se apresentado, não ter antecedentes criminais e possuir endereço fixo, ele foi liberado e vai responder ao processo em liberdade. Estadão, Globo e mídia em geral

 Cena 1 - Um repórter de TV entrevista Irlan:
-Por que você o matou?
-Porque ele reagiu, se tivesse ficado na dele não tomava bala

Cena 2 - Declarações do advogado de defesa de Irlan, Jeferson Badan, quando questionado sobre porque Irlan não forneceu o nome de seus parceiros de crime:
-Todo bandido tem ética. Você [reporter] é um cara experiente na área criminal e eu sei que você está fazendo essa pergunta simplesmente por fazer. Você sabe que em todas as profissões têm ética...

Algumas pessoas quando se sentem ameaçadas, ficam, momentaneamente, sem ação. Esta foi minha re-ação sobre a sequencia das canas acima – e confesso: ainda me sinto lesado em relação ao assunto. É tão grande minha indignação que não consigo digerir as imagens. Tô que nem vaca: ruminando os sentimentos. De fato eu me considero ameaçado. Ameaçado pela banalização do crime, pela inversão dos valores, pela manipulação do “legal”, pelo corretamente político, pelo desrespeito à vida e ao alheio, pela falta de sensibilidade, urbanidade, fraternidade, pela falta do ser-humano e pelo excesso de hipocrisia que atualmente infesta nossa sociedade. É como se fosse uma epidemia, deflagrada pela bactéria staphylococcus obscenu, que vai se alastrando, contaminando mentes, país afora e sem previsão de vacina até o momento.

Desculpem o amargo das palavras, mas amanhã estarei bem. Dizem que uma boa noite de sono resolve tudo - o problema é dormir - mas enquanto o sono não vem, vou me desenvenenando com o texto “Pátria madrasta vil”, que foi enviado por email, do qual transcrevo um trecho: “Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência. Exagero de escassez... Contraditórios? Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL. Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade. [...] “Pátria madrasta vil” de Clarice Zeitel – voltarei a falar sobre este texto, assim que me desintoxicar.

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