“No
Brasil, é melhor ter o diploma universitário na mesinha de cabeceira”. A frase é de João Carlos Castellar, um dos advogados de Flávio
Godinho, ex-braço direito de Eike Batista. Godinho, que foi preso no último dia
26, alvo da Operação Eficiência, no âmbito da Lava-Jato no Rio, também é
advogado. Dorme em uma prisão considerada especial, isolada de facções
criminosas e com 54 vagas sobrando, graças ao seu título universitário. É a
mesma unidade onde está preso o ex-governador Sergio Cabral, licenciado em
jornalismo e acusado de liderar o esquema corrupto. São a elite dos
presidiários. Um diploma universitário no Brasil pode mudar a vida no cárcere.
[...].
A passagem pela
universidade é um dos requisitos que podem levar um corrupto ou um assassino
que aguarda julgamento a uma cela melhor. Mas algumas profissões específicas ou
méritos pouco transparentes podem também facilitar o caminho. A lei estabelece
que advogados, delegados de polícia, magistrados, membros do Ministério
Público, ministros de confissão religiosa, embaixadores, parlamentares,
vereadores, prefeitos, governadores ou até membros do Tribunal do Júri, entre
outros, têm direito a uma cela especial até serem efetivamente condenados, um
período que pode demorar meses ou até anos. Após a condenação, fora algumas
exceções mantidas por segurança, o réu é misturado com a massa carcerária
comum. [...].
Os nomes dos
membros que compõem essa lista poderiam ser conhecidos apenas após um longo
processo de cobrança através da lei de Acesso à Informação. A relação de nomes
é “custodiada” pelo Cerimonial da Presidência da República.
Questionado pela
separação de presos formados, o Institute for Criminal Policy Research,
que pesquisa sobre os sistemas judiciais no mundo, afirmou por email que “nunca
ouviu falar sobre outro sistema prisional que separe prisioneiros pelo seu
nível de educação!”. Com exclamação. Jornalistas do EL PAÍS nos EUA, Argentina,
México e Espanha não acharam nenhuma norma comparável nesses países. Por MARÍA
MARTÍN/EL PAÍS - Leia
na íntegra
Nenhum comentário:
Postar um comentário