Deusdeth do Nascimento, presidente da ABBR, recém-reeleito para o cargo, fala dos planos para
seu último mandato à frente da instituição. Abaixo o blog selecionou trechos
desta entrevista à Mauro Ventura/Revista o Globo no domingo (23):
Como você define a ABBR?
-Aqui é a casa
da esperança. Você vê todo o potencial de superação do ser humano. Chegam
pacientes paraplégicos e amputados, deprimidos, e acompanhamos sua reintegração
social. Mesmo quem não consegue a autolocomoção sai com outro astral. Vários
desses quadros que estão pregados nas paredes da ABBR foram feitos por
pacientes que aprenderam a pintar com o pé e com a boca. Há casos como o de
Messias, que bateu com a cabeça no fundo do rio e foi desenganado pelos
médicos, que disseram que ia ficar tetraplégico. Operei-o, ele se tratou aqui,
voltou a andar e hoje é psicólogo da ABBR. Sempre conseguimos ir além daquilo
que julgamos ser o limite.
Quais os planos para seu último mandato à frente da
ABBR?
Garantir a
sustentabilidade. A sociedade contribui, são 4 mil colaboradores que doam em
torno de R$ 200 mil por mês. Mas com a crise tivemos queda de uns 30%.
Precisamos também de mais parceiros privados. Temos um projeto de clínica
popular à espera de um investidor que nos ajude a instalar oito consultórios de
diversas especialidades e um laboratório, para atendimento a preço popular.
Temos buscado ainda parceiros internacionais. Nosso maior problema é o apoio
governamental, que é insuficiente. Aqui, 70% dos atendimentos são pelo SUS, o
resto é particular e plano de saúde. Mas a tabela do SUS é muito aquém dos
custos dos serviços prestados. [...].
Fale um pouco da importância da instituição.
-Temos
musicoterapia, fonoaudiologia, psicologia, medicina esportiva, terapia
ocupacional, ginásio de reabilitação, hidroterapia. Nossa oficina ortopédica
faz próteses, órteses e calçados personalizados. São 12 mil produtos por ano.
Fornecemos muletas, andadores, cadeiras de banho, cadeiras de roda. A ABBR
transforma as vidas de quem ela trata e de quem a visita. Um advogado veio,
achou o setor infantil muito precário, emocionou-se e reformou-o todo. As
escolas deveriam estimular visitas às instituições, para educar no sentido da
solidariedade.
Enquanto isso... Segundo disse o Procurador da República Deltan Dallagnol, por
ocasião do lançamento das dez medidas contra a corrupção, em setembro de 2015,
pode-se avaliar o montante da corrupção no Brasil em torno de 200 bilhões por
ano, nos últimos anos. Nem dá para imaginar tanto dinheiro. Conforme o cálculo
do procurador seria possível triplicar o orçamento federal para saúde, educação
e segurança. Pode ser que seja um exagero, mas uma coisa é certa: a
força-tarefa da Lava Jato modificou radicalmente a nossa percepção sobre o País
no qual vivemos. Embora o povo desde muito diga que político rouba e que as
leis não valem igualmente para todos, ninguém imaginava que algum dia esse
roubo pudesse ser relatado do jeito que vemos diariamente nos noticiários.
Ouvindo e vendo
a forma crua como, diante do juiz ou de procuradores, os acusados descrevem o
“esquema”, não pude deixar de pensar na filósofa alemã. Esses depoimentos nos
mostram como cada um tirava o nosso dinheiro, matava milhares de pessoas
diariamente sem se sentir culpado ou responsável. São parte de uma engrenagem,
não agem como pessoas. Vivem da troca de favores entre “amigos”. Não são
psicopatas. São até simplórios e pouco inteligentes e estão ali como peças do
sistema que faz do homem comum um facínora – CONFERE
LÁ
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