*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

terça-feira, 29 de março de 2011




SEXA
Luiz Fernando Veríssimo


- Pai...
- Hummmmm?
-  Como é o feminino de sexo?
-  O quê?
-  O feminino de sexo.
-  Não tem.
-  Sexo não tem feminino?
-  Não.
-  Só tem sexo masculino?
-  É. Quer dizer, não. Existem dois se­xos. Masculino e Feminino.
-  E como é o feminino de sexo?
-  Não tem feminino. Sexo é sempre masculino.
-  Mas tu mesmo disse que tem sexo masculino e feminino.
-  O sexo pode ser masculino ou femi­nino. A palavra "SEXO" é masculina. O SEXO masculino, o SEXO femini­no.
-  Não devia ser "A SEXA"?
-  Não.
-  Por que não?
-  Porque não! Desculpe. Porque não. "SEXO" é sempre mas­culino.
-  O sexo da mulher é masculino?
-  É. Não! O sexo da mulher é femini­no.
-  E como é o feminino?
-  Sexo mesmo. Igual ao do homem.
-  O sexo da mulher é igual ao do ho­mem?
-  É. Quer dizer... Olha aqui. Tem o SEXO masculino e o SEXO femini­no, certo?
-  Certo.
-  São duas coisas diferentes.
-  Então como é o feminino de sexo?
-  E igual ao masculino.
-  Mas não são diferentes?
-  Não. Ou, são! Mas a palavra é a mesma. Muda o sexo, mas não muda a palavra.
-  Mas então não muda o sexo. É sem­pre masculino.
-  A palavra é masculina.
-  "Não". "A palavra" é feminino. Se fosse masculino seria "o..."
-  Chega! Vai brincar, vai.
O garoto sai e a mãe entra. O pai co­menta:
-Temos que ficar de olho nesse guri...
-  Por quê?
Ele só pensa em gramática.

Achei este texto na revista Filosofia no. 55 e não me pergunte por que ele foi parar lá, mas é bom demais...

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