O professor e analista de sistemas Jair da Silva, 61, está a
caminho de um cruzamento nas imediações de casa, no Jardim São Paulo, bairro de
classe média na zona norte da capital paulista.
Ele chega a uma esquina e olha
para o semáforo, a tempo de ajeitar o terno e os cabelos brancos antes que três
carros parem. "Só esses?", lamenta.
Silva decide passar a vez. O
sinal abre e fecha —agora a quantidade de carros é suficiente. Aproxima-se do
primeiro veículo, pede licença ao motorista e lhe entrega um cartão de visita.
Na frente do cartão, nome,
telefone, e-mail e a frase "Solicito uma oportunidade profissional".
No verso, as atividades que exerceu como professor universitário e gerente
administrativo e de negócios.
Ele repete o gesto ao segundo e
ao terceiro motorista, e de nada adianta uma fila maior. A luz verde aparece,
ele corre para a calçada e permanece ao lado de uma banca de jornal, ansioso
para que o sinal volte a fechar.
Desempregado há seis meses, é a
segunda vez que procura trabalho assim em um espaço de 30 dias. A primeira foi
em 28 de agosto. Um dos semáforos do Largo da Batata, na zona oeste de São
Paulo, também não ajudava —era rápido, e passavam poucos carros.
Silva teve que andar alguns
quarteirões para encontrar um local melhor. Distribuiu trezentos cartões
naquele dia. "Se o primeiro e o segundo motorista pegam o cartão, o
terceiro, o quarto e o quinto também vão pegar. Se os primeiros não pegam, os
demais também não." CONFERE
LÁ
(*) - Em tempos de corrupção a rodo, o blog quer
interagir com você. Portanto complete a lacuna do título, com a frase que
melhor lhe agrade. Afinal vivemos numa democracia, né mesmo? Dúvidas? Abaixo algumas
sugestões:
1. Dormindo
eternamente em cova esplêndida.
2. Dormindo eternamente `a sombra das palmeiras, onde canta o sabiá.
3. Dormindo
eternamente com o inimigo.
4. Dormindo
eternamente numa UTI às margens plácidas do Ipiranga.
5. Dormindo
eternamente na Casa da Mãe Joana.
6. Dormindo eternamente no intervalo entre a paz no futuro
e glória no passado.