*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Um Power Point com efeito tsunami – Parte 2

Imagine a seguinte situação: no local de trabalho, um sujeito passa a mão na bunda de uma garota. Ela reage e o chama de “imundo, vil e desprezível”. Tudo é gravado pelas câmeras de TV. Em um truque de mágica, para reverter sua situação, o assediador passa a acusar a garota de “excessiva”. A partir de agora, ele passaria a dizer que todo o problema está “no excesso” da garota. A mudança de foco tem objetivo claro: garantir seu emprego, demitir a garota, e, em um processo judicial, ganhar a causa. Quem sabe até convencê-la a abandonar o processo.Eis uma legítima tática de bullying praticada de modo sutil para causar “travamento” psicológico em sua vítima.
Todos aqueles que estão emitindo a narrativa de que “os procuradores exageraram” apelam exatamente ao mesmo truque acima. O comandante de um esquema de corrupção foi descoberto. Suas evidências foram expostas. O que Lula poderia fazer diante de tantas evidências? Simples: partir para o bullying e, em coordenação com seus sicários, sair dizendo que os procuradores foram “excessivos”.
O que foi “excessivo”? Exigir apresentações em Power Point? Que legal. Acabamos de descobrir que a maior parte dos gerentes que dominam o uso do Power Point são “excessivos”. Nesta última sexta eu só quis apresentar um framework de automação de testes se pudesse ter 40 minutos iniciais para exigir um Power Point com a visão geral do artefato. O resultado foi bom. Terei sido eu “excessivo”? Ou será que nomear Lula como o “chefe do esquema” é excessivo? Divertidíssimo. Também acabamos de descobrir que explanar o óbvio – principalmente a partir da cinco delações, incluindo de pessoas como Léo Pinheiro, Pedro Correa e Delcídio do Amaral – é “excessivo”.

Sejamos francos: aquele que diz que está dizendo que os procuradores foram “excessivos” está mentindo. Se for um opositor do PT que comprou a narrativa – como Olavo de Carvalho e Reinaldo Azevedo – podem até terem sido feitos de bestas pelo oponente, mas isso não interessa: uma mentira é uma mentira, esteja seu propagador ciente de que mente ou apenas – por ego, insanidade ou qualquer outro motivo – propagando mentiras alheias.
O ataque aos procuradores da Lava Jato não passa de uma tática de bullying, suja até o limites da depravação humana. Como tal, esse tipo de torpeza merece escracho. O PT só ficou tanto tempo no poder por um único motivo: nossa intimidação diante de truques psicológicos sujos. Mais um motivo para rejeitarmos o sujíssimo truque de dizer que “os procuradores foram excessivos”.

Na verdade, foram até discretos diante do amontoado de evidências que tinham em mãos. Assim como a garota que nomeou seu assediador foi até tranquila demais, pois poderia ter dado um tabefe no agressor. Os procuradores da Lava Jato ficaram longe disso. Motivo adicional para sabermos que os praticantes de bullying merecem ser envergonhados em público a cada vez que emitirem a narrativa desonesta de que “os procuradores exageraram”. CONFERE LÁ