Imagine a seguinte situação: no local de trabalho, um sujeito passa
a mão na bunda de uma garota. Ela reage e o chama de “imundo, vil e
desprezível”. Tudo é gravado pelas câmeras de TV. Em um truque de mágica, para
reverter sua situação, o assediador passa a acusar a garota de “excessiva”. A
partir de agora, ele passaria a dizer que todo o problema está “no excesso” da
garota. A mudança de foco tem objetivo claro: garantir seu emprego, demitir a
garota, e, em um processo judicial, ganhar a causa. Quem sabe até convencê-la a
abandonar o processo.Eis uma legítima tática de bullying praticada de modo
sutil para causar “travamento” psicológico em sua vítima.
Todos aqueles que estão emitindo
a narrativa de que “os procuradores exageraram” apelam exatamente ao mesmo
truque acima. O comandante de um esquema de corrupção foi descoberto. Suas
evidências foram expostas. O que Lula poderia fazer diante de tantas
evidências? Simples: partir para o bullying e, em coordenação com seus
sicários, sair dizendo que os procuradores foram “excessivos”.
O que foi “excessivo”? Exigir
apresentações em Power Point? Que legal. Acabamos de descobrir que a maior
parte dos gerentes que dominam o uso do Power Point são “excessivos”. Nesta
última sexta eu só quis apresentar um framework de automação de testes
se pudesse ter 40 minutos iniciais para exigir um Power Point com a visão geral
do artefato. O resultado foi bom. Terei sido eu “excessivo”? Ou será que
nomear Lula como o “chefe do esquema” é excessivo? Divertidíssimo. Também
acabamos de descobrir que explanar o óbvio – principalmente a partir da cinco
delações, incluindo de pessoas como Léo Pinheiro, Pedro Correa e Delcídio do
Amaral – é “excessivo”.
Sejamos francos: aquele que diz que está dizendo que os
procuradores foram “excessivos” está mentindo. Se for um opositor do PT que
comprou a narrativa – como Olavo de Carvalho e Reinaldo Azevedo – podem até
terem sido feitos de bestas pelo oponente, mas isso não interessa: uma
mentira é uma mentira, esteja seu propagador ciente de que mente ou apenas –
por ego, insanidade ou qualquer outro motivo – propagando mentiras alheias.
O ataque aos procuradores da Lava
Jato não passa de uma tática de bullying, suja até o limites da depravação
humana. Como tal, esse tipo de torpeza merece escracho. O PT só ficou tanto
tempo no poder por um único motivo: nossa intimidação diante de truques
psicológicos sujos. Mais um motivo para rejeitarmos o sujíssimo truque de dizer
que “os procuradores foram excessivos”.
Na verdade, foram até discretos
diante do amontoado de evidências que tinham em mãos. Assim como a garota que
nomeou seu assediador foi até tranquila demais, pois poderia ter dado um tabefe
no agressor. Os procuradores da Lava Jato ficaram longe disso. Motivo adicional
para sabermos que os praticantes de bullying merecem ser envergonhados em
público a cada vez que emitirem a narrativa desonesta de que “os procuradores
exageraram”. CONFERE
LÁ