Renan Calheiros é o garoto mimado
da República. Como todo garoto mimado, ele só tem um lado: o seu próprio.
Fernando Collor o projetou
nacionalmente como líder do governo. Quando veio à tona o esquema de PC Farias,
Renan abandonou o barco e se salvou.
No primeiro mandato de Fernando
Henrique Cardoso, foi presenteado com o Ministério da Justiça. Sim, você talvez
não se lembre, mas Renan Calheiros foi ministro da Justiça de FHC — e, com
isso, ganhou respeitabilidade, digamos, e aumentou a sua influência.
Sob o PT, Renan Calheiros se
tornou um garoto ainda mais voluntarioso, porque se vendeu como essencial para a
governabilidade. Virou um dos meninos donos da bola.
No segundo governo Lula, para não
ser cassado depois que descobriram que ele pagava a pensão de sua amante com
dinheiro da Mendes Júnior, renunciou ao mandato de senador — e voltou, mimado
pelas generosas urnas alagoanas.
Até o último momento, Renan
Calheiros foi acarinhado por Dilma Rousseff. Atraído por Michel Temer, ele fez
doce, mas acabou votando pelo impeachment da petista.
Sob o PMDB, ele continua a ser
considerado "peça estratégica". Todos dizem em Brasília que, sem
Renan Calheiros, é impossível passar as reformas e governar o Brasil. Eu acho
que, também por isso, ele é mimadíssimo pelo STF. Renan Calheiros tem oito
inquéritos que correm no tribunal. Quer dizer, que andam a passo de tartaruga
ou estão completamente parados.
Acuado pela prisão dos
cangaceiros legislativos pela Polícia Federal, Renan Calheiros acusou a PF de
"fascismo", afirmou que o magistrado que emitiu o mandado era um
"juizeco de primeira instância" e chamou o ministro da Justiça de
"chefete de polícia".
Hoje, noticiou-se que Michel
Temer "acalmou" Renan Calheiros.
Até quando o veremos ser mimado
(e com o nosso dinheiro)?
Por
Mario Sabino/ O Antagonista