“A
colunista Sonia Racy revela no "Estadão" desta terça-feira que o
projeto político de Renan Calheiros para 2017 é presidir a Comissão de
Constituição e Justiça do Senado. Por si só, já é uma obstrução da Justiça” - Jorge Bastos
Moreno/O Globo na terça (13)
Um país não vai para o brejo de um
momento para o outro - como se viesse andando na estradinha, qual vaca,
cruzasse uma cancela e, de repente, saísse do barro firme e embrenhasse pela
lama. Um país vai para o brejo aos poucos, construindo a sua desgraça ponto por
ponto, um tanto de corrupção aqui, um tanto de demagogia ali, safadeza e
impunidade de mãos dadas. Há sinais constantes de perigo, há abundantes
evidências de crime por toda a parte, mas a sociedade dá de ombros, vencida
pela inércia e pela audácia dos canalhas...
Um país vai para o brejo quando
políticos lutam por cargos em secretarias e ministérios não porque tenham
qualquer relação com a área, mas porque secretarias e ministérios têm verbas - e
isso é noticiado como fato corriqueiro da vida pública...
Um país vai para o brejo quando
representantes do povo deixam de ser povo assim que são eleitos, quando se
criam castas intocáveis no serviço público, quando esses brâmanes acreditam que
não precisam prestar contas a ninguém - e isso é aceito como normal por todo
mundo...
Um país vai para o brejo quando
não protege os seus cidadãos, não paga aos seus servidores, esfola quem tem
contracheque e dá isenção fiscal a quem não precisa.
Um país vai para o brejo quando
os seus poderosos têm direito a foro privilegiado.
Um país vai para o brejo quando
se divide, e quando os seus habitantes passam a se odiar uns aos outros; um
país vai para o brejo quando despenca nos índices de educação, mas a sua
população nem repara porque está muito ocupada se ofendendo mutuamente nas
redes sociais. Trechos da crônica “A Caminho do brejo” de Cora Rónai/O Globo