*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

terça-feira, 26 de setembro de 2017

“Não está fácil pra ninguém”, por José Nêumanne

Em 13 de fevereiro último, o presidente Temer anunciou à Nação que afastaria temporariamente ministros denunciados por corrupção na Lava Jato. “Se houver denúncia, que é um conjunto de provas, eventualmente que possam conduzir ao seu acolhimento, o ministro que estiver denunciado será afastado provisoriamente. Logo depois, se acolhida a denúncia, e aí o ministro se transformando em réu, o afastamento é definido”, disse o presidente. E completou: “Se alguém converter-se em réu estará afastado, independentemente do julgamento final”. Até agora não contou por que mantém Moreira Franco e Eliseu Padilha em seus cargos, mesmo tendo sido denunciados.

Três meses e cinco dias depois da promessa, os queixos de mais de 200 milhões de brasileiros literalmente desabaram com a revelação feita pelo colunista Lauro Jardim, do Globo, de que o chefe do governo havia recebido o acusado Joesley Batista para um papo íntimo no porão. Quatro meses e uma semana depois, nenhum dos brasileiros surpreendidos recebeu satisfação alguma, convincente ou não, verossímil ou fantasiosa, para o fato. Temer não explicou por que recebeu um delinquente notório (cuja ficha ele mesmo faria questão de divulgar) na calada da noite, na garagem do próprio público onde mora com a mulher e o filho, para discutir assuntos nada ingênuos, como a compra de silêncio de um presidiário e propinas pagas a insignes servidores públicos do Judiciário.

Do ponto de vista da lógica comum dos fatos, além de não justificar ou se desculpar por nada, o mais poderoso dos chefões da República concentrou suas energias para desqualificar o ex-cúmplice tornado oponente, o que, pela lógica, só complicaria a própria situação. Para isso, agarrou-se a particularidades da ordem constitucional vigente no País, conforme a qual o principal mandatário só pode ser processado por quaisquer delitos que cometa antes e depois de haver exercido o cargo. Então, usou sua habilidade de fazer amigos e exercer influência na Câmara, que decidiu mantê-lo no posto, sendo a maioria dos deputados (portanto, ex-colegas) tão ou mais suspeita do que ele e seus auxiliares próximos. - Leia mais
   
Abaixo uma simulação do plenário da Câmara caso os políticos, denunciados por corrupção na Lava Jato, fossem afastados “temporariamente” de suas atividades... mesmo este nobre e solitário meliante, ops! este nobre e solitário deputado compareceu a casa porque está cumprindo pena em regime aberto e, nessa condição, ele é autorizado a deixar a unidade penitenciária durante o dia para trabalhar, devendo retornar, a carceragem, à noite.
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário