“Nosso país foi
sequestrado por um bando de políticos inescrupulosos que reduziram nossas
instituições a frangalhos. Em nenhum país do mundo um chefe de governo permaneceria
um dia sequer no cargo depois de acusações tão graves quanto aquelas que foram
feitas contra Temer. O Brasil entrou numa fase de instabilidade crônica, da
qual talvez só saia em 2018” Joaquim Barbosa ex-ministro
do STF em entrevista ao “Valor Econômico” nesta sexta-feira
Não são os coxinhas ou mortadelas, comunistas ou neoliberais,
progressistas ou conservadores, não é o Gilmar ou a Lava-Jato. O inimigo
público número um é a corrupção institucionalizada: viramos uma cleptocracia. O
TCU comprovou que cerca de 10% dos benefícios da Previdência são fraudados, um
prejuízo de R$ 56 bilhões, que faz grande diferença no déficit avassalador que
gera a maior parte da dívida da União.
Não é só na
Previdência, a sensação é que em qualquer ministério, autarquia ou agência em
que for feita uma auditoria rigorosa e uma investigação policial profunda
surgirão desvios assombrosos. Parece que o mensalão, o petrolão, a Lava-Jato, o
Dnit, a Eletrobras, o BNDES, o Carf, os fundos de pensão das estatais, as
incontáveis operações da Polícia Federal são apenas as pontas do iceberg da
corrupção institucionalizada que congela o desenvolvimento e a justiça social.
Se tornou um modo de vida, uma cultura nefasta que inviabiliza o progresso da
sociedade.
Não, a atual
obsessão com o combate à corrupção não é mero moralismo udenista, como dizem os
réus e investigados para tentar minimizar suas culpas, é o clamor da sociedade
por uma ação judiciário-policial-econômica para proteger o dinheiro do
contribuinte e dar mais recursos ao Estado, é o dinheiro mesmo que interessa.
Não é uma caça às bruxas, é um pragmatismo suprapartidário, por premente
necessidade. É o dinheiro que falta para financiar o desenvolvimento econômico
e a justiça social.
Por que no
Brasil são tão disputados os postos de fiscal de qualquer coisa ? Por que os
políticos trocam votos para fazer nomeações? Por que tantos funcionários
concursados aderiram a partidos políticos para facilitar promoções? Por que
tantas categorias que servem ao Estado aumentam os seus salários, se dão
vantagens, e nós pagamos a conta?
Diante da
evidência e dimensão dos rombos no patrimônio público, a questão moral é quase
secundária, embora seja a causa de todos os prejuízos: a justiça é lenta, e o
fundamental agora é recuperar o dinheiro e impedir que mais seja roubado. É o
moralismo de resultados. – “Moralismo de
resultados” artigo de Nelson Motta/O Globo - Confere
lá
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