Premia-se por
“assiduidade” quem comparece ao trabalho. Gratifica-se por “produtividade”,
“desempenho”, “aproveitamento”, “responsabilidade técnica”, “qualificação”,
“habilitação”, “titulação” e “conhecimento”. Paga-se por “produção”,
“resultados” e até por “quebra de caixa” -aparentemente, quando o saldo é
positivo. Tem até uma gratificação “extraordinária de Natal”
Governantes
não sofrem de estresse, eles provocam nos governados. No Rio, como em
outros 11 estados, a má gerência pública ameaça o humor e os bolsos de 16,4
milhões de habitantes. Para tapar parte do buraco cavado nas contas estaduais
durante décadas, o governo decidiu aumentar o principal imposto local (ICMS),
que é cobrado em cascata da fabricação até o consumo de produtos e serviços.
Por isso, viver no Rio vai custar mais na energia, na
gasolina, na cerveja, no chope, na telefonia e na internet. Exemplo: se o
estado arrecadava R$ 57 numa conta de luz de R$ 200, a partir de janeiro tomará
R$ 64 do consumidor.
Os chefes do Executivo, Legislativo e Judiciário fluminenses
são incapazes de garantir que em 2017 não haverá novos aumentos na carga
tributária. Mostram-se impotentes, também, para assegurar pagamento dos 470,4
mil inscritos na folha de pessoal. Ano passado eles custaram R$ 1.914,27 a cada
habitante — 12,5% acima da média per capita nacional. O Estado do Rio tem mais
servidores inativos (246,7 mil) do que em atividade (223,6 mil). Sua folha
salarial espelha a devastação administrativa executada por sucessivos governos,
por interesses políticos e corporativos.
Há aposentadorias de até R$ 75,5 mil no antigo Departamento
de Estradas de Rodagem e de R$ 53,4 mil na Fazenda estadual — mostram dados da
Secretaria de Planejamento. Entre servidores ativos, existem remunerações de
até R$ 48,7 mil na Defensoria Pública; de R$ 47,2 mil na Fazenda; de R$ 41,9 mil
no Detran; de R$ 39 mil na Procuradoria-Geral, e, de R$ 38,2 mil no Corpo de
Bombeiros.
Em setembro, o sistema de pagamentos do funcionalismo
registrou nada menos que 312 tipos de vantagens, gratificações, auxílios,
adicionais e abonos à margem da remuneração convencional. Contam-se, por
exemplo, 188 variedades de gratificações e 42 auxílios.
Premia-se por “assiduidade” quem comparece ao trabalho.
Gratifica-se por “produtividade”, “desempenho”, “aproveitamento”,
“responsabilidade técnica”, “qualificação”, “habilitação”, “titulação” e
“conhecimento”. Paga-se por “produção”, “resultados” e até por “quebra de
caixa” — aparentemente, quando o saldo é positivo. Tem até uma gratificação
“extraordinária de Natal”.
Cargos de confiança no governo, na Assembleia ou no Tribunal
de Justiça têm adicionais por anuênios, triênios e quinquênios, além de “verba
de representação”. Participantes de conselhos ganham “gratificação de órgão de
deliberação coletiva”, “jeton” e “honorários”. Em paralelo, pagam-se adicionais
por “titularidade”, por “atribuição” e até por ocupação de cargo de “difícil
provimento”. Existem também “retribuições”, como a de “licenciamento de
veículos” e a de “exame de direção” –
Por por José Casado/O Globo - Leia na
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