No GLOBO de hoje [na quarta, 23]
há um artigo do jornalista Luiz Claudio Latgé exatamente sobre o
mesmo assunto, inclusive buscando como fonte para o conceito o respeitado
Dicionário de Oxford. Também cita como exemplos o Brexit e a vitória de Trump
nas eleições americanas. E conclui:
Pela
definição do dicionário, pós-verdade quer dizer “algo que denota circunstâncias
nas quais fatos objetivos têm menos influência para definir a opinião pública
do que o apelo à emoção ou crenças pessoais”. Em outros termos: a verdade
perdeu o valor. Não nos guiamos mais pelos fatos. Mas pelo que escolhemos ou
queremos acreditar que é a verdade.
A
palavra se tornou recorrente depois da surpresa do Brexit e da eleição
“sangrenta” nos Estados Unidos. Mas pode perfeitamente ser aplicada ao nosso
momento político. Para o jornalismo, é uma má notícia. Embora seja quase
folclórico em nossas redações citar algum dono de jornal (e os nomes variam)
que teria por vício repetir diante de alguma noticia que não queria saber dos
fatos, mas da versão que o jornal iria publicar.
O
terreno da internet tem se revelado fértil para a propagação de mentiras —
sempre interessadas —, trincheira dos haters. Levamos tanto tempo para
estabelecer uma visão “científica” dos fatos, construir a isenção do
jornalista, a independência editorial e, de repente, vemos que o debate político
se dá entre “socos e pontapés”. A pós-verdade arrasta a política, o jornalismo,
a justiça, a economia, a nossa vida pessoal…
Seria
prudente resgatarmos o território da verdade. Substantivo feminino. Simples
assim. Expressão dos fatos, e fatos podem ser verificados. Esse é o papel do
jornalismo. Ou torcermos para que no ano que a palavra escolhida pelo
Dicionário de Oxford não seja parecida com desastre.”
O autor reconhece que o fenômeno
não é novo, tem pelo menos uma década, mas que tem se manifestado mais
recentemente. Talvez. Mas pergunto: só uma década? Então antes o mundo era
guiado pela verdade, pelos fatos? O mundo político? Quando, exatamente,
foi assim? Não vem desde os gregos o poder da retórica com os sofistas? Do blog de
Rodrigo Constantino – Leia
na íntegra