*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O mundo do pós-verdade: e por acaso não mentiam antes?

No GLOBO de hoje [na quarta, 23] há um artigo do jornalista Luiz Claudio Latgé exatamente sobre o mesmo assunto, inclusive buscando como fonte para o conceito o respeitado Dicionário de Oxford. Também cita como exemplos o Brexit e a vitória de Trump nas eleições americanas. E conclui:

Pela definição do dicionário, pós-verdade quer dizer “algo que denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência para definir a opinião pública do que o apelo à emoção ou crenças pessoais”. Em outros termos: a verdade perdeu o valor. Não nos guiamos mais pelos fatos. Mas pelo que escolhemos ou queremos acreditar que é a verdade.
A palavra se tornou recorrente depois da surpresa do Brexit e da eleição “sangrenta” nos Estados Unidos. Mas pode perfeitamente ser aplicada ao nosso momento político. Para o jornalismo, é uma má notícia. Embora seja quase folclórico em nossas redações citar algum dono de jornal (e os nomes variam) que teria por vício repetir diante de alguma noticia que não queria saber dos fatos, mas da versão que o jornal iria publicar.
O terreno da internet tem se revelado fértil para a propagação de mentiras — sempre interessadas —, trincheira dos haters. Levamos tanto tempo para estabelecer uma visão “científica” dos fatos, construir a isenção do jornalista, a independência editorial e, de repente, vemos que o debate político se dá entre “socos e pontapés”. A pós-verdade arrasta a política, o jornalismo, a justiça, a economia, a nossa vida pessoal…
Seria prudente resgatarmos o território da verdade. Substantivo feminino. Simples assim. Expressão dos fatos, e fatos podem ser verificados. Esse é o papel do jornalismo. Ou torcermos para que no ano que a palavra escolhida pelo Dicionário de Oxford não seja parecida com desastre.”
 

O autor reconhece que o fenômeno não é novo, tem pelo menos uma década, mas que tem se manifestado mais recentemente. Talvez. Mas pergunto: só uma década? Então antes o mundo era guiado pela verdade, pelos fatos? O mundo político? Quando, exatamente, foi assim? Não vem desde os gregos o poder da retórica com os sofistas? Do blog de Rodrigo ConstantinoLeia na íntegra