A pergunta, em tom dramático,
foi feita a empresários pelo ministro do Desenvolvimento Social e Agrário,
Osmar Terra, em defesa do ajuste fiscal do governo Temer. “Vamos deixar piorar?
Com o Rio de Janeiro aconteceu isso, gastou muito mais do que arrecadou,
prometeu muito mais do que pôde cumprir e acabou. Não consegue nem pagar a
folha, nem os aposentados.” Para Osmar Terra, “o Rio acabou”.
O Rio é um exemplo “didático” do
que não deve ser feito. Foi o adjetivo usado pelo ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles. Mirem-se no mau exemplo dos gestores irresponsáveis e imprevidentes
do Rio e tentem frear o colapso. Mirem-se no mau exemplo de um estado que
deixou a folha inchar até explodir e que deitou na cama dos royalties do
petróleo, vivendo na farra sem pensar no amanhã. Uma mistura de má gestão,
incompetência, falta de planejamento, desperdício de recursos, prioridades
erradas, mordomias e desvios. Nenhuma economia resiste a isso. [...]. O Rio de
Janeiro não é o único estado sem dinheiro e sem saber se pagará ou não o 13º
aos servidores. Oito estados estouraram a despesa de pessoal – Minas Gerais,
Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Paraíba, Distrito Federal, Goiás e
Paraná, além do Rio. Salários já são pagos com atraso ou em parcelas. [...].
A calamidade financeira já atinge
os serviços essenciais, na saúde e na educação. As cenas de penúria e
sofrimento da população pelo país afora, exibidas diariamente nos telejornais,
lembram as da Venezuela, quando o modelo populista de Hugo Chávez entrou em
colapso. O estado de Mato Grosso há cinco meses não repassa às prefeituras as
verbas mensais para a Saúde. No Distrito Federal, 40 mil alunos ficaram sem
transporte escolar porque as empresas não recebem o pagamento do governo
estadual. Merenda escolar? Sumiu em muitos estados. [...]. Se ao menos se desse
um basta à esquizofrenia. Mais um trem da alegria (ou da tristeza?) foi
aprovado na Câmara em Brasília: aumento salarial para auditores fiscais e
analistas da Receita Federal, acompanhado de “bônus de eficiência”. O projeto,
enviado pelo Executivo ao Congresso, prevê impacto de R$ 8,5 bilhões até 2019
nas contas do governo federal. Quem quer mesmo ficar igual ao Rio? Por Ruth de Aquino/Época
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