*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Os R$ 100 bilhões do BNDES “não existem”

Prepare sua calculadora para dar conta da quantidade de bilhões que vão aparecer neste artigo. Começo pelos R$ 100 bilhões que o BNDES vai poder devolver ao Tesouro Nacional com autorização do Tribunal de Contas da União. O TCU aprovou o pedido feiro pelo Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, assim que ele assumiu o cargo. O BNDES vai poder dividir em três parcelas (40 – 30 – 30) a transferência aos cofres da União.

Mas nem comece a se animar. Este dinheiro não existe, pelo menos não como dinheiro que nós conhecemos, pronto para ser gasto. As parcelas farão apenas a mágica de reduzir a dívida bruta do Brasil no mesmo valor. Aliás, esta determinação faz parte do pedido do governo e também da decisão do TCU. Qualquer uso diferente dos bilhões seria ilegal. Por isso, governadores, nem sonhem com algum troco. [..].


Que bilhões são estes que estavam no BNDES? Eles fazem parte dos mais de R$ 520 bilhões que o governo do PT depositou no caixa do banco de desenvolvimento para que ele emprestasse no mercado. Tudo começou em 2008, depois da crise financeira internacional. O ex-ministro Guido Mantega resolveu usar o BNDES para suprir a demanda por financiamentos num momento em que o mercado de crédito havia secado. As transferências mais volumosas foram feitas na administração de Dilma Rousseff. [...].


Eu avisei que a quantidade de bilhões era grande. Aí você pode perguntar: serviu para alguma coisa? Não. Os recursos emprestados pelo BNDES têm, teoricamente, o propósito de financiar o investimento no país. As empresas tomam dinheiro mais barato para poder aumentar sua capacidade de produção, ampliar o negócio.

Para piorar um pouco, o problema extrapola a ponta do lápis da taxa de juros. As operações são obscuras, cheias de coisas mal explicadas, como, por exemplo, a escolha das empresas que receberam o maior volume de dinheiro. O BNDES já foi alvo de CPI, de pedidos de quebra de sigilo pela Polícia Federal, perdeu direito a sigilo nas operações feitas com a JBS (frigorífico) e está no meio das investigações da Lava Jato.


Desde que assumiu o banco, Maria Silvia Bastos tem aberto as cortinas da instituição. Ela impôs mais rigor para novos desembolsos, quer análises com micros detalhes para operações com grandes empresas e elegeu a transparência como prioridade na gestão do banco. Ainda há muito para se saber sobre o período da farra com dinheiro público que engordou o caixa do BNDES e também daqueles escolhidos pelo governo do PT. Uma coisa é certa, nestes R$ 100 bilhões que o governo vai receber de volta, ninguém vai levar um centavo. Thais Herédia/O Globo – Leia na íntegra