O economista
americano Thomas Schelling, que morreu em dezembro,
recebeu o Prêmio Nobel em 2005 por estudos a respeito do comportamento
colaborativo. Mas também fez pesquisas essenciais em Teoria dos Jogos. É
atribuída a ele a Teoria do Louco, um resultado útil para entender a atual
crise entre Estados Unidos e Coreia do Norte.
Ao analisar a
perspectiva de guerra nuclear com a União Soviética, nos anos 1960, Schelling
chegou à conclusão de que a mera ameaça pode ser usada como arma para dissuadir
o adversário. Ambos os lados sabem que não há vencedor num conflito nuclear. Se
um acredita genuinamente que o outro é capaz de iniciá-lo, pode ceder às
demandas dele.
Um exemplo clássico
envolve um jogo com duas pessoas acorrentadas à beira de um precipício, em que
o prêmio será dado a quem convencer o outro a desistir. Uma estratégia eficaz é
começar a dançar perto da borda, de modo a fazer o rival acreditar que se está
realmente disposto a cair. Assim que ele estiver convencido de que a motivação
não é racional, cederá para sobreviver.
Mas a ameaça
precisa ser crível, não pode ser considerada uma bravata. Para convencer o
adversário da disposição em apertar o botão vermelho, basta parecer louco o
bastante para isso – daí o nome da teoria. A loucura (ou simulação de loucura)
fornece uma vantagem estratégica numa escalada nuclear. Foi esse o princípio
adotado no governo Richard Nixon para forçar o Vietã do Norte a negociar o fim
da guerra nos anos 1970... Kim pode parecer mais insano que Trump. Mas, até o
momento, sua estratégia tem se revelado mais racional, justamente por ele ter
convencido o mundo de sua loucura. Trump faz de tudo para parecer louco – mas
só consegue nos convencer de que, nas mãos de generais desorientados, não sabe
como reagir – Confere
lá.
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