*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

domingo, 13 de agosto de 2017

“Trump, Kim e a Teoria do Louco” por Helio Gurovitz

O economista americano Thomas Schelling, que morreu em dezembro, recebeu o Prêmio Nobel em 2005 por estudos a respeito do comportamento colaborativo. Mas também fez pesquisas essenciais em Teoria dos Jogos. É atribuída a ele a Teoria do Louco, um resultado útil para entender a atual crise entre Estados Unidos e Coreia do Norte.
Ao analisar a perspectiva de guerra nuclear com a União Soviética, nos anos 1960, Schelling chegou à conclusão de que a mera ameaça pode ser usada como arma para dissuadir o adversário. Ambos os lados sabem que não há vencedor num conflito nuclear. Se um acredita genuinamente que o outro é capaz de iniciá-lo, pode ceder às demandas dele.

Um exemplo clássico envolve um jogo com duas pessoas acorrentadas à beira de um precipício, em que o prêmio será dado a quem convencer o outro a desistir. Uma estratégia eficaz é começar a dançar perto da borda, de modo a fazer o rival acreditar que se está realmente disposto a cair. Assim que ele estiver convencido de que a motivação não é racional, cederá para sobreviver.

Mas a ameaça precisa ser crível, não pode ser considerada uma bravata. Para convencer o adversário da disposição em apertar o botão vermelho, basta parecer louco o bastante para isso – daí o nome da teoria. A loucura (ou simulação de loucura) fornece uma vantagem estratégica numa escalada nuclear. Foi esse o princípio adotado no governo Richard Nixon para forçar o Vietã do Norte a negociar o fim da guerra nos anos 1970... Kim pode parecer mais insano que Trump. Mas, até o momento, sua estratégia tem se revelado mais racional, justamente por ele ter convencido o mundo de sua loucura. Trump faz de tudo para parecer louco – mas só consegue nos convencer de que, nas mãos de generais desorientados, não sabe como reagir – Confere lá.

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