*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

segunda-feira, 15 de maio de 2017

“Alguém vazei e não sei quem fui”

Ultimamente estamos repetindo, quase como um mantra, que a Polícia Federal precisa ganhar, de uma vez por todas, a sua autonomia, principalmente para não ficar nas mãos do Ministro da Justiça da vez, e de suas circunstâncias políticas.

O trabalho da polícia judiciária é eminentemente técnico e não admite quaisquer reparos ou interferências de cunho político. Nós trabalhamos na inarredável busca pela “verdade real” dos fatos investigados, matéria prima e objeto do Direito Penal, tema central de nossa atividade fim. E para a preservação dessa “verdade real” só interessa conhecer sobre a operação aquele que nela labuta, a saber: juízes, procuradores da república, peritos, agentes, escrivães e delegados federais.

Desde que começou a era das megaoperações da PF, nos idos de 2003, iniciou-se uma discreta, mas incômoda, pressão política sobre diretores e superintendentes para que estes informem “com certa antecedência” as nossas operações. Alguém, naquela época, inventou que “não avisar nada”, por parte da PF e do MJ, seria uma “grosseria” com os companheiros de governo. Essa prática deletéria nasceu, desta feita, com o manto de um gesto de “boa vizinhança”. Algo bem ao estilo do lulopetismo. O interesse, porém, era bem outro.

Isso funcionaria muito bem na Suécia, onde não há crimes no estamento político-governamental. No Brasil, quase cem por cento das grandes fraudes e desvios investigados pela PF contam com “bênçãos” ou ações governamentais positivas, com apoio daqueles que têm o poder direto de indicar e nomear os nossos chefes. Vivemos, até o impeachment de Dilma Rousseff, numa verdadeira cleptocracia... Não enfrentamos criminosos marginais, mas sim malfeitores nucleares. [...].

Aparentemente ocorreu um dos tais “vazamentos hierárquicos” já que o MJ avisou à então presidente, que, por sua vez, avisou aos criminosos. O que é gravíssimo nessa situação não é apenas a possibilidade de um ministro petista vazar informações para detonar a operação. [...].

Quem avisa, amigo é, e, na atividade policial, não se avisa, em hipótese alguma, sobre qualquer ação repressiva a ser deflagrada contra quem quer que seja. A não ser que o nosso chefe não tenha como não dizer “não” ao ministro, que é o chefe dele.”- Jorge Pontes, delegado da Polícia Federal, e ex- diretor da Interpol do Brasil – Leia na íntegra

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