Como advogado, meu pai acreditava no poder da inteligência e da razão para
entender e explicar o mundo, resolver problemas e disputas, e também para
ajudá-lo em suas dúvidas metafísicas, que desafiavam sua espiritualidade
difusa, mas intensa. Ele queria acreditar em Deus, mas para isso precisava
entender a presença do mal no mundo, que não podia ser entendida só com a
razão, e mergulhou em profundas pesquisas sobre os demônios e seus poderes.
Sabia seus nomes (que não ouso repetir), hierarquias, atributos e malfeitos,
tornou-se quase um demonólogo. Mas não bastava...
As maiores e
mais demoníacas matanças da história da Humanidade foram, e continuam sendo, em
nome de Deus. As legiões satânicas parecem mais ativas do que nunca, e mais
numerosas, conforme a pergunta clássica que os exorcistas fazem aos
endemoniados:
- Quem é você?
E a voz satânica
rosna, ameaçadora:
-Meu nome é
legião.
São legiões de
legiões, que, no mundo inteiro, em Brasília certamente, enfrentam os anjos de
luz, de bondade, de amor e de paz. É difícil acreditar nisso? Difícil é
acreditar no Brizola, no Collor e no Lula... rsrs... dizia meu pai, mas o
Brasil acreditava.
Um dia, me disse
que, depois de anos e anos de estudos metafísicos e filosóficos, usando toda
sua inteligência e lógica, o rigor de seus argumentos, chegara à conclusão
inexorável que virou nossa lei:
-Fazer o que tem
que ser feito.
Todo mundo sabe
o que tem que ser feito. Mas muitos não fazem. Esperam que outros façam – Nelson Motta/O
Globo – Leia
na íntegra
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