*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

quarta-feira, 10 de maio de 2017

“O comandante”

O personagem central desta semana (aliás, de toda a crise) é o ex-presidente Lula, que vai ficar cara a cara com o juiz Sérgio Moro na quarta-feira, em Curitiba, enquanto ecoam as revelações demolidoras de Emílio e Marcelo Odebrecht, de Léo Pinheiro e de Renato Duque, o homem do PT na Petrobrás. As histórias que eles contaram em juízo têm sujeito, verbo, predicado, lógica e conexão com o famoso PowerPoint do procurador Deltan Dallagnol. Lula tem como negá-las com a mesma força?

Depois de tudo que os Odebrecht relataram sobre a conta pessoal que Antonio Palocci gerenciava para Lula na empreiteira (que não era banco...), de todos os detalhes de Léo Pinheiro sobre a participação direta do ex-presidente nos esquemas e das declarações de Duque de que ele era o chefe, o grande chefe, o “nine” que sabia de tudo e comandava tudo, a situação de Lula é delicadíssima.

Seus seguidores se recusam não apenas a acreditar, mas até a ouvir. Logo, seus 30% nas pesquisas, decisivos num primeiro turno, podem não cair um único ponto. Mas o resto da sociedade não é cega, surda e muda às revelações. Logo, seus 45% de rejeição, fatais num segundo turno, podem aumentar. E a questão principal é jurídica, porque a força-tarefa tem dúvida zero sobre o papel de Lula no maior esquema de corrupção do planeta. [...].


Lula se compara a “uma jararaca”, mas é um encantador de serpentes, com inteligência privilegiada, sacadas rápidas, respostas cortantes, um carisma que dez entre dez políticos invejam. Esse instrumental será de enorme valia na quarta-feira, quando, do outro lado, estará Sérgio Moro, um juiz bem mais jovem, sem traquejo de palanques e embates políticos. Algo, porém, pode reequilibrar o jogo: “contra fatos não há argumentos”. [...]. – trechos da crônica “O Comandante” de Eliane Cantanhêde/EstadãoLeia na íntegra

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